O homem do deserto caminhava com a cabeça erguida. Bronzeado pelo
calor do deserto da Judeia, seu olhar era firme e penetrante, estava
acostumado a viver sozinho – uma voz solitária. Deus o enviou. Nascido
de pais de idade avançada, Zacarias e Isabel, que havia muito tempo
tinham abandonado a esperança de ter um bebê, ele foi o fruto de uma
gravidez miraculosa. Deus o trouxe à existência; Deus tinha uma mensagem
para aquela época, e ele foi escolhido para transmiti-la.
Sua vida, assim como a dAquele que João foi chamado a proclamar,
foi interrompida no auge de sua mocidade. Apesar de curta, sua vida
brilhou como uma candeia romana, brilhou na escuridão da Palestina do
primeiro século. “João era uma candeia que queimava e irradiava luz, e
durante certo tempo vocês quiseram alegrar-se com a sua luz” (Jo 5:35).
Durante certo período, João foi imensamente popular. Multidões
vinham de Jerusalém, de toda a Judeia e de toda a região ao redor do
Jordão para ouvi-lo e para ser batizadas para o perdão de seus pecados
(Mt 3:5). Até os fariseus, meticulosos na observância da religião, e os
saduceus foram vê-lo no deserto. Até mesmo os soldados e os cobradores
de impostos (Lc 3:12, 14).
Tão grande era o entusiasmo popular que algumas pessoas começaram a
se perguntar se João Batista não seria o tão esperado Messias. A
atenção da hierarquia religiosa em Jerusalém se voltou para ele e
decidiram enviar uma delegação até o deserto com a pergunta: “Quem és
tu?” (Jo 1:19, ARA).
João, porém, por mais que brilhasse, não era a Luz. “Ele veio como
testemunha, para testificar acerca da Luz, a fim de que, por meio dele,
todos os homens cressem” (v. 7). João conhecia sua missão; ele nunca
alegou ser mais do que Deus havia designado que fosse. Alguns de seus
discípulos ficaram ressentidos quando Jesus entrou em cena e as
multidões diminuíram ao redor de João. Mas João não se sentiu diminuído.
“É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
Deve ser uma experiência amarga ver sua popularidade diminuir
pouco a pouco. Uma situação ainda mais difícil para ser enfrentada com
dignidade é a de ser alvo da fúria dos governantes simplesmente por
dizer a verdade. Isso aconteceu com João. Ele foi preso por falar contra
a união ilícita do rei Herodes Antipas com a esposa de seu irmão
Filipe. Essa figura solitária do deserto morreu sozinha no calabouço de
Herodes. Uma vida desperdiçada? Não aos olhos de Deus!
Extraído de Meditações Diárias
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