Hoje me deparei com um texto bastante interessante sobre o momento em que a igreja evangélica vive atualmente, peço que leiam, reflitam e comentem sobre o assunto.
Uma ovelha segredou a outra que estava com saudades dos antigos hinos
do Cantor Cristão, que após a introdução dos chamados “grupos de
louvor”, não eram mais cantados nos cultos. O Cantor Cristão havia sido
abolido dos cultos pelo novo pastor, que tudo fazia para apagar a
memória dos antigos pastorados.
Não é fácil desconsiderar a memória centenária do passado.
Especialmente quando nela estão inseridas vitórias, bênçãos, almas
salvas, batistério que não ficava seco e a alegria que o culto a todos
outorgava.
“Também estou com saudades”, confessou a outra ovelha. “Mas eu canto
em casa”. “Cante em casa”, sugeriu. A partir daí a ovelha saudosa
começou a cantar os hinos que sabia de cor. Hinos que estavam guardados
na memória como tesouros preciosos.
A alegria de cantar restituiu a alegria da salvação. “Por que não
consigo memorizar os cânticos atuais? Embora os repita à saciedade, não
consigo lembrar a letra na segunda feira. Qual o motivo pastor?”.
“Os motivos da não memorização daria uma tese de doutorado em música.
Alguns volumes poderiam ser escritos e ainda ficaria matéria a ser
pesquisada e estudada com dedicação”, respondi. Alguns, entre os muitos
motivos, do porque da memorização dos hinos do Cantor Cristão e o porquê
da não memorização com facilidade, dos atuais cânticos podem ser
considerados:
Os cultos denominados antigos ou tradicionais tinham conteúdo. O
prelúdio pelo coral, as leituras bíblicas, os hinos no decorrer do culto
e outras partes formavam um bloco compacto. O culto tinha início, meio e
fim. Todos os hinos estavam relacionados com a mensagem. Mesmo que o
pregador fosse preguiçoso e fraco na oratória, o conjunto levava os
participantes a gravar as verdades transmitidas. Aliás, a letra de
alguns hinos era a salvação para o auditório do pregador sem conteúdo.
A música dos hinos, embora não repetitiva, marcava o adorador. A
mensagem poética dos hinos prenhe da boa doutrina, falava por si só. O
crente saia do templo cantarolando os hinos. “Oh que mensagem cheia da
compaixão de Deus…”, “Que consolação tem meu coração descansando no
poder de Deus…”, “Em Jesus confiar…” e muitos outros ficavam marcados na
memória. Era fácil lembrar do culto durante os dias da semana e
cantarolar os hinos.
Música, sem necessidade de ferir tímpanos, ajudava na memorização da
letra. Entre as muitas razões, estas explicam o porquê não se conseguia
esquecer os hinos do último domingo. O alimento balanceado, rico em
nutrientes espirituais alimentava a alma do salvo e lhe oferecia ânimo
para prosseguir e testemunhar de Cristo. Em suma, culto era culto, nada
mais do que culto.
Ninguém se destacava na direção. O objetivo era a pessoa e glória de
Jesus Cristo, jamais o “grupo de louvor”, o baterista e o corpo de
baile. O foco era a Palavra de Deus exposta em suas variadas formas de
apresentação. Ninguém saia do templo precisando de um comprimido para
mal estar e dor de cabeça.
No caso o culto denominado “contemporâneo” a razão da não memorização
é creditada a vários elementos cultivos. A ausência do púlpito em nome
da melhor comunicação com o auditório. O pregador lidera o show e tem
como função colocar o povo em pé e fazê-lo cantar. A bateria reina
soberana no local do púlpito. O baterista, sem preparo musical, bate,
não toca, o pobre instrumento, ultrapassando todos os decibéis
recomendados pelos otorrinos. A maior parte do auditório bate palmas,
mas não canta, marcando a cadência. O “grupo de louvor” com potentes
microfones canta sozinho. Alguns poucos no auditório tentam repetir as
letras desconexas, sem conteúdo bíblico, com português errado,
concordância desprezada, verbos mal conjugados e heresias, as mais
variadas.
A salada tem tantos ingredientes, que a mente não consegue digerir,
os instrumentistas não se entendem. Alguns ainda tocam por cifras outros
nem cifras conhecem. Cada um batuca do seu jeito. “Louvor” para ser
louvor tem que ser repetitivo, creem os dirigentes. Mesmo repetido à
exaustão, não consegue ser memorizado.
O expectador, no caso o salvo, “derruba os muros de Jericó”, “voa
pelas montanhas”. Diz que “Jeová é homem de guerra”, “Rompe em fé”
(prefiro “se a fé por vezes falha…”), “Navega sobre as tempestades”
(prefiro o grito de socorro de Pedro), e claro cai no deserto
espiritual. Atordoado com tanto barulho e faminto de íntima comunhão com
Deus, não tem o que memorizar. Quando o “culto” está quase terminando é
hora da mensagem. De preferência positivista, sem Bíblia, sem conteúdo,
sem sequência hermenêutica, sem doutrinas, pois foi copiada da
internet.
Como a igreja não tem e não segue um programa de Educação Religiosa
definido, a cada culto vale a verborreia que nada constrói. O salvo sai
do templo tão atordoado que se recusa lembrar do culto. Prefere ouvir os
pregoeiros da televisão que pelo menos divertem o auditório com pseudos
milagres e “palmas para Jesus”.
Coração vazio, mente faminta, alma desestruturada a tentar
compreender o que fui fazer na igreja? Não tem o que cantar e contar.
“Você entendeu o que o pregador quis dizer?”. “Não!”. “Nem eu!”. Qual a
solução? Cante em casa os “velhos hinos” cujas mensagens perduram por
toda a existência. Nunca ouvi alguém dizer “eu me converti ouvindo tal
cântico”. Mas tenho ouvido centenas e centenas de irmãos a
testemunharem: “esse foi o hino da minha conversão”. “Morri, morri na
cruz por ti; que fazes tu por mim?”. “Quando me dei conta estava lá na
frente do auditório entregando minha vida a Jesus”.
Portanto cante em casa, no trabalho, com os amigos salvos, na rua,
enquanto dirige no emaranhado do trânsito, ao aguardar ser atendido pelo
médico. Cante aqueles hinos que estão gravados em sua memória. “Não sei
por que de Deus o amor a mim se revelou…”, “mas eu sei em quem tenho
crido…”.
Não preciso implorar, como salvo, “entra na minha casa”, pois Cristo
já adentrou a minha alma. No dia em que, convencido pelo Espírito Santo,
me salvou.
Extraído do site Música Sacra e Adoração
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